O Mundial de Clubes da FIFA escancara uma realidade extremamente dura para o futebol da América do Sul, que é a superioridade dos times europeus no mundo da bola. O poderio financeiro é o motivo mais aparente desse abismo que ano a ano fica mais profundo.
Antes do torneio ser organizado pela Federação Internacional de Futebol (FIFA) ele foi disputado com o nome de Copa Intercontinental de Clubes, entre os anos de 1960 e 1999, e envolvia apenas os campeões da Copa Libertadores da América e o da Liga dos Campeões da Europa. Nesse período havia maior equilíbrio de forças.
Fator preponderante foi a Lei Bosman, em 1995, onde jogadores da União Europeia deixaram de ser considerados estrangeiros. A partir daí os clubes mais ricos da Europa passaram a contratar os melhores talentos dos países vizinhos, além de outros dos demais continentes que tivessem descendência comprovada de algum país europeu.
O reflexo veio a partir de 2000, ano em que foi disputado o primeiro Mundial de Clubes organizado pela FIFA, os europeus concretizaram a supremacia. Algo que no início não parecia que iria acontecer porque os três primeiros campeões do torneio foram times brasileiros: Corinthians (2000), São Paulo (2005) e Internacional (2006). Na sequência os times da Europa dominaram: Milan (2007), Manchester United (2008), Barcelona (2009, 2011 e 2015), Internazionale (2010), Bayern de Munique (2013 e 2020), Real Madrid (2014, 2016, 2017 e 2018), e Liverpool (2019). Única exceção aconteceu em 2012, quando o Corinthians conquistou o bicampeonato ao vencer o Chelsea.
O Real Madrid é o maior vencedor do Mundial de Clubes com sete taças conquistadas. Entre os clubes brasileiros o São Paulo lidera com três títulos mundiais (1992, 1993 e 2005).
O atual modelo de disputa do Mundial de Clubes, com os seis campeões continentais e o campeão do país-sede da competição, será alterado para se tornar uma Super Copa do Mundo de Clubes. E era para estrear na edição de 2021, porém foi adiado por conta da pandemia.
Quando for colocado em prática o novo formato idealizado pela FIFA, as coisas ficarão ainda mais difíceis para os times sul-americanos. A ideia da entidade máxima do futebol mundial é que o torneio seja disputado a cada quatro anos e com a participação de 24 times. Serão 12 equipes da Europa, cinco da América do Sul, duas da América do Norte, duas da África, duas da Ásia e uma da Oceania. Cada confederação continental terá liberdade para definir os critérios de classificação para o torneiro que será chamado de Copa do Mundo de Clubes.
A competição terá oito grupos de três equipes, sendo que os vencedores de cada um se classificam para as quartas de final, etapa em que os jogos passam a ser eliminatórios até a grande final.
Caso o futebol não seja repensado no continente sul-americano a hegemonia europeia será duradoura. E, pior, com diferença cada vez maior do nível técnico entre as equipes.
Roberto Maia é jornalista, cronista esportivo, editor de revista Qual Viagem e do portal Travelpedia.
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