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Fernando Diniz, chegou a hora de mostrar a que veio

Como jogador eu nunca gostei muito do futebol de Fernando Diniz. Tinha técnica apurada e por isso segurava a bola em demasia, dando oportunidade ao setor defensivo adversário se recompor. Agora, como treinador posso dizer que sou seu admirador.

Pelo conceito “fora da caixinha” que propõe aos times que comanda. Marcação avançada, contra-ataques rápidos e meias que chegam na área e finalizam em gol. Além de empenho o tempo todo, claro. Aliás, o que ele exige dos seus jogadores de meio de campo é exatamente o contrário do que ele próprio fazia enquanto jogador de futebol.

Como atleta iniciou a carreira em 1993 no Juventus. Depois atuou no Guarani, Palmeiras, Corinthians, Paraná, Fluminense, Flamengo, Juventude, Cruzeiro, Santos, Paulista, Santo André e Juventus novamente em 2008. No mesmo ano jogou no Gama, onde encerrou a carreira.

No comando do Fluminense o time começou muito bem no campeonato estadual e depois caiu tecnicamente no Brasileirão (Foto: Lucas Merçon/FFC)

Em 2009, deu início ao seu trabalho como treinador de futebol comandando o Votoraty. Já no seu primeiro ano como técnico conquistou os títulos do Campeonato Paulista Série A3 e da Copa Paulista. Chegou ao seu bicampeonato da Copa Paulista em 2010 dirigindo o Paulista.

Os títulos chamaram a atenção e Fernando Diniz

começou a ser procurado por outros clubes do interior de São Paulo. Teve uma breve passagem pelo Botafogo de Ribeirão Preto, sendo demitido após apenas quatro jogos. Na sequência vieram Atlético Sorocaba, Audax, Guaratinguetá e novamente Audax e Paraná.

No final de 2015 foi contratado para comandar o recém fundado Grêmio Osasco/Audax. E, em março do ano seguinte, venceu o Palmeiras por 2 a 1 em jogo do Campeonato Paulista. Seu trabalho ganhava visibilidade.

O estilo de jogo diferente do convencional que propõe nem sempre agrada aos dirigentes ansiosos por resultados rápidos. Mesmo assim chegou ao Atlético Paranaense em 2018.

Certamente foi ele o responsável por alicerçar a base tática que rendeu frutos somente depois que ele deixou o comando do time.

O estilo de jogo que ele exige dos seus times muitas vezes não é bem compreendido pelos jogadores, acostumados a uma outra rotina conservadora imposta pelos “professores” que rodam pelos clubes. E se os jogadores não compram a ideia os resultados são ruins e a corda sempre estoura do seu lado.

Apesar dos resultados ruins no Athletico-PR,

alguém no Fluminense enxergou seu trabalho e apostou nele. Mesmo sabendo que a sua proposta poderia atrapalhar sua ascensão como treinador, manteve-se fiel ao estilo e em pouco tempo deu outro padrão de jogo ao tricolor carioca.

No campeonato estadual deste ano o time passou a valorizar a posse de bola e o futebol começou a fluir com boas exibições. Porém, no Brasileirão o time não conseguiu manter o mesmo padrão de maneira constante.

Alternado jogos ruins com outros bons,

perdeu o emprego em agosto, quando o time estava na 18ª colocação. Foram nove derrotas, três empates e apenas três vitórias.

Após sua saída do Fluminense achei que ele dificilmente voltaria a defender outro grande clube do futebol brasileiro. O que seria uma pena. Mas ele ganhou nova chance ao ser contratado pelo São Paulo.

Intenso à beira do campo, Fernando Diniz venceu o clássico contra o Corinthians com o time são-paulino mostrando outra dinâmica (Foto: Paulo Pinto/saopaulofc.net)

Duvido muito que os dirigentes do Tricolor paulista enxergaram o verdadeiro potencial de Fernando Diniz como treinador e que terão paciência se os resultados ruins ocorrerem. Mas, mesmo assim, entendo que contrataram o treinador certo para mudar as coisas no Morumbi se lhe derem as condições necessárias. E, principalmente, se tiver tempo para impor ao time o seu estilo de jogo.

Fernando Diniz tem apenas 45 anos e muito para evoluir como treinador. O tipo de jogo que ele propõe enche os olhos mas precisa ser eficiente. Os resultados dirão se ele está pronto para levar o São Paulo novamente para as conquistas de títulos.

Roberto Maia é jornalista, cronista esportivo, editor da revista Qual Viagem e do portal Travelpedia

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