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Sucessão de erros de dirigentes levam o Cruzeiro à Série B do Brasileirão

A lista de clubes rebaixados para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro ganhou mais dois integrantes inéditos. Agora, tem Chapecoense e Cruzeiro na série B. Dos campeões da Série A, apenas Flamengo, São Paulo e Santos são os únicos que nunca caíram para a Série B.

Por estar entre os “grandes” há mais tempo e pelo histórico de conquistas, a queda do Cruzeiro ganhou as manchetes ao final da última rodada do Brasileirão 2019. Não bastasse o descenso, o vandalismo proporcionado por torcedores cruzeirenses após a derrota para o Palmeiras, no Mineirão, também foi destaque negativo.

Quando um time do porte do Cruzeiro é rebaixado vêm à tona uma série de razões que explicam a tragédia. Normalmente o motivo é quase sempre o mesmo, o seja, sucessão de erros de diretorias ao longo de algumas gestões. O resultado quase sempre são clubes endividados e sem condições de formar times fortes para a disputa dos campeonatos.

O Cruzeiro precisava vencer o Palmeiras e torcer por derrota do Ceará. Não conseguiu e jogará a Série B em 2020. Foto Cesar Greco – Ag Palmeiras-Divulgação

Mas com o Cruzeiro foi um pouco diferente. Apesar de estar sem dinheiro, montou um times com vários jogadores famosos e com salários altos. A fonte secou, os salários começaram a atrasar, os jogadores cobrando diretores via imprensa e por WhatsApp e os resultados em campo não vinham.

Como sempre fazem os dirigentes incompetentes, trocaram treinadores na esperança de aplacar a raiva da torcida e, quem sabe, conseguir vitórias e subir na tabela. Foi assim que Mano Menezes, que foi trocado por Rogério Ceni, que saiu para a entrada de Abel Braga, que foi mandado embora para a chegada de Adilson Batista a poucas rodadas do fim do Brasileirão. Esperavam que Adilson – ídolo da torcida – fosse capaz de realizar o milagre de segurar o time na Série A.

Tudo em vão, afinal o problema não era o técnico. O enredo que explica a queda do clube celeste das Minas Gerais tem erros dentro de campo, diversos casos de falhas administrativas e até de corrupção de diretores e conselheiros.

Sem ameaçar em nenhum momento o Palmeiras, time cruzeirense sofrerá muitas mudanças para o próximo ano (Fotos: Cesar Greco/Ag. Palmeiras/Divulgação)

E o que está ruim pode piorar ainda mais. Se a situação financeira do Cruzeiro já é crítica, na Série B do Brasileirão em 2020, as receitas serão muito menores. Cotas de TV e premiações são bem inferiores que na elite do futebol brasileiro. Jogadores com salários altos – e atrasados – certamente deixarão o clube como forma de enxugar a folha de pagamentos do elenco, que hoje ultrapassa os R$ 15 milhões.

Entre os absurdos erros cometidos, o presidente cruzeirense Wagner Pires de Sá, por desespero ou irresponsabilidade, antecipou junto à Rede Globo, cotas até outubro de 2022 no valor de R$ 70 milhões. Porém, para que o dinheiro entrasse à vista, o clube precisou abrir mão de R$ 12 milhões, o que na prática resultou em apenas R$ 58 milhões. E ao antecipar receitas que vão além do seu mandato, Sá descumpriu exigência prevista no Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidades Fiscal do Futebol Brasileiro, o Profut. Sanções podem vir no futuro.

E antecipações não se limitaram à Globo. O clube também já recebeu suas cotas referentes aos campeonatos estaduais dos próximos dois anos. O mesmo também aconteceu com o dinheiro da Copa do Brasil de 2020. Outros adiantamentos vieram da Adidas, que fornecerá material esportivo em 2020 (R$ 2,5 milhões), e do Supermercados BH, futuro patrocinador máster da camisa (R$ 8 milhões).

Segundo o balanço de 2018, a dívida do Cruzeiro era de R$ 520 milhões. Hoje está por volta de R$ 700 milhões. E a situação poderia ficar totalmente crítica se um empréstimo de R$ 300 milhões – autorizado pelo Conselho Deliberativo – fosse efetivado junto a um fundo internacional com juros de 9% ao ano. A operação acabou não sendo efetivada após as denúncias de casos de corrupção na diretoria.

O ano de 2020 será sofrido para a Raposa mineira. E que sirva de lição para os demais clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. Outros grandes também estão tão ou mais endividados que o Cruzeiro. Há gestões temerárias em curso aqui mesmo, em São Paulo. Como dizem por aí, um dia a conta chega!

Roberto Maia é jornalista, cronista esportivo, editor de revista Qual Viagem e do portal Travelpedia.

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