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O futebol romântico do século 20 não existe mais

Futebol romântico! No último final de semana resolvi assistir novamente o excelente filme Boleiros de Ugo Giorgetti. Minha motivação foi a morte do ator Flavio Migliaccio, que cometeu o suicídio por causa da forma como os idosos são tratados no Brasil.

Lembrei que em Boleiros – Era uma Vez o Futebol, lançado em 1998, ele interpretou o fictício Naldinho, um ex-jogador do Corinthians nas décadas de 1950 e 1960.

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Flavio Migliaccio (à dir.) interpreta o ex-jogador Naldinho, que jogou no Corinthians nas décadas de 1950 e 1960
Em uma das cenas o veterano craque reclama com os amigos – todos antigos boleiros do passado – dos efeitos da idade sobre o corpo e do esquecimento público a que são relegados depois que deixam os gramados. É comovente a cena em que ele olha a sua foto na parede do bar e não consegue se reconhecer.

O filme é classificado como comédia, mas também poderia ser considerado um drama. Sim, porque as histórias relembradas são engraçadas, porém revelam as dificuldades e desventuras dos craques que jogaram em grandes times no século passado.

Um passado recente do nosso futebol que também tinha muito mais glamour do que o vivido atualmente.

A vida difícil dos ex-jogadores do passado é o tema central do filme e narrada pelos amigos que se reúnem todas as tardes em um bar da capital paulista, que tem as paredes cobertas por quadros com fotos de craques do passado.

Sentados à mesa, entre uma cerveja e outra, eles relembram de momentos gloriosos e outros nem tanto do tempo em que ainda eram jogadores profissionais e estrelas dos principais times do país.

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Em Boleiros 2 o saudoso doutor Sócrates, craque do Timão e da Seleção Brasileira, se juntou aos boleiros nas resenhas contadas na mesa do bar (Fotos: Reprodução)

São histórias de jogadores, técnicos, juízes e torcedores de uma época nem tão distante.

No elenco, além do já saudoso Migliaccio, estão nomes como Lima Duarte, que interpreta Edil, um treinador do Palmeiras; Marisa Orth, uma hóspede gostosona do hotel onde os jogadores do Verdão se concentravam; Cássio Gabus Mendes, um jornalista que ama o futebol; Otávio Augusto, o árbitro Virgílio Pênalti, que é viciado em pôquer que vendia resultados para saldas as dívidas; Denise Fraga, a mulher do craque Azul da Portuguesa; Adriano Stuart, o ex-meia Otávio Alicate do São Paulo nas décadas de 1970 e 1980; Rogério Cardoso, um ex-árbitro; João Acaiabe, ex-lateral da Seleção que vende persianas para sobreviver; César Negro, que vive Mamamá a revelação do Recife contratado pelo Palmeiras; Aldo Bueno, o craque Paulinho Majestade do Santos e da Seleção Brasileira que sem dinheiro coloca à venda os seus troféus no caderno de classificados do jornal; André Abujamra, o Pai Vavá; André Bicudo, o atacante Caco do Corinthians; e muitos outros.

Sem dúvida uma das histórias mais engraçadas é a vivida pelo juiz Virgílio Pênalti. Cheio de dívidas por causa do pôquer, ele se deixa corromper e passa a “fabricar” resultados.

Situação que anos depois se tornou real com a descoberta da “Máfia do Apito” em 2005.

Outro episódio interessante e sempre atual é o vivido pelo craque Azul. De origem pobre, o jogador negro faz fama na Lusa, passa a ser cobiçado por times da Itália e fica deslumbrado com a fama.

Tanto que deixa sua mulher e filho passando dificuldades financeiras enquanto gasta muito dinheiro com mulheres fáceis e carros caros.

Em uma das cenas, um golaço creditado a ele foi na verdade anotado por Dener, um craque genial que perdeu a vida ainda jovem em um acidente de carro.

Outro causo revela algo muito comum no futebol do passado. Mostra Caco, um atacante do Timão que apesar da estrutura média do clube sofre com uma lesão no joelho e fica longo período sem jogar.

Ele só volta aos gramados após ser levado por três torcedores amigos de infância e ligados à torcida Gaviões da Fiel ao pai de santo Vavá na periferia da cidade.

Voltando à realidade, houve um tempo na década de 1980 que um pai de santo famoso tinha até sala no Parque São Jorge. Outros clubes do Brasil também mantinham os seus “protetores” de plantão. Um deles, o folclórico Pai Santana era, inclusive, o massagista do Vasco.

No final do filme, enquanto rolam os créditos, uma narração de um jogo fictício envolvendo craques de várias épocas na voz de Ciro Jatene imitando o grande Osmar Santos é simplesmente antológica. Portanto, caso você ainda não tenha assistido Boleiros, fique até o final.

A boa aceitação do público pela obra de Giorgetti gerou uma continuação em 2006, com Boleiros 2, que manteve boa parte do elenco original e ainda contou com a participação de Sócrates, o craque-doutor que fez fama no Corinthians da Democracia Corinthiana.

Pena o cinema brasileiro não olhar para o futebol com mais carinho. Os bastidores dos clubes e dos boleiros é fértil e daria ótimos filmes e até séries.

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